sábado, 8 de janeiro de 2011
As Crônicas de Nárnia: A Viagem do Peregrino da Alvorada
Aqui vou eu, mais uma vez falar de uma adaptação literária. O primeiro “As Crônicas de Nárnia: O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa” era um filme mediano e um tanto quanto arrastado, mas que se mantia interessante devido ao magnífico mundo Criado por C.S. Lewis, e ao carisma absurdo de então pequenina Geogie Henley. Já em “Príncipe Caspian”, tudo melhorou um pouco. Os efeitos especias não incomodavam tanto a narrativa, e impressionavam em muitos momentos pela qualidade e capricho. Porém, o roteiro ainda era falho e o filme continuava demasiadamente longo.
A bilheteria do segundo filme foi muito abaixo do esperado, fazendo com que a Disney desistisse de dar prosseguimento a série, levando a produção deste terceiro a Fox. Fiquei com um pé atrás com essa mudança, costumava dizer aos meus amigos (de brincadeira é claro) que a Fox não cosegue fazer boas adaptações de obras literárias de fantasia (Eragon, Os Seis Signos da Luz (argh!!!), entre outros), uma superstição de certa forma. Que se provou, também de certa forma, acertada.
“A Viagem do Peregrino da Alvorada” não é um filme ruim, mas é com certeza um retrocesso, principalmente em relação ao anterior.
Em primeiro lugar, se você leu o livro, não espere nenhuma fidelidade a obra de Lewis, o objetivo da aventura, o “vilão”, muitas das mensagens e conflitos do livro foram radicalmente mudados. Algumas coisas ficaram mal explicadas, outras são simplesmente sem sentido. Há uma cena, próxima do final em que a menina Gael (inexistente no livro, assim como toda a subtrama que a insere no filme)(spoiller!!!) se joga no mar para reencontrar sua mãe que estava desaparecida. Cena que se pretende emocionante, acaba sendo desconcertantemente hilária, lembrando aqueles episódios fillers horrorosos do anime Bleach. Uso este exemplo apenas para ilustrar como uma mudança na história do livro pode ser ridícula no filme. Não sou desses maníacos que querem fidelidade absoluta ao material original, mas parece que essas subtramas só são inseridas no roteiro para que o filme fique ainda maior, como se o público fosse sair do cinema insatisfeito se o seu ingresso valer menos do que duas horas de entretenimento. Enfim, a história foi tão alterada que na volta do cinema, eu e um amigo viemos comentando que provavelmente só um dos três roteiristas leu as Crônicas de Nárnia, os outro leram os gibis do Pato Donald , mangas do One Piece, assistiram episódios do Popeye e resolveram misturar tudo, só faltou o Brutus aparecer como vilão final.
Na parte das atuações, a série continua mais ou menos na mesma, com momentos bons e ruins dos atores, destaque apenas para Will Poulter como Eustáquio e para Ben Barnes que melhorou significativamente como Caspian. Claro, Georgie Henley continua esbanjando carisma, embora tenha muito a evoluir como atriz.
Um ponto importante em toda a série Nárnia é a questão da religião. A obra de Lewis é sempre vinculada a mensagens do cristianismo. Tenho lido muitas críticas contra este aspecto do filme, como se isso fosse um defeito do roteiro ou algo do gênero, o que é um erro. Todo artista passa mensagens do que acredita em suas obras, e cabe ao seu público aplicá-las ou não na vida real. A origem do que se fala não tem importância em si, e sim O QUE se fala. Não faço parte de nenhuma religião, mas isto não quer dizer que não posso aprender determinados valores de obras de cunho cristão, budista, espírita...
Algo que se destaca no filme, de forma negativa, são os efeitos. Se no segundo tinhamos efeitos por vezes embasbacantes, neste Peregrino da Alvorada, este aspecto é muito irregular. Na verdade não consigo pensar em nenhum momento em que a computação mostra algo realmente convincente(apenas Aslan e Ripchip talvez). O dragão Eustáquio é exremamente artificial, algumas CGs de games de PS1 são mais realistas, e a névoa que aparece em alguns momente do filme é pior do que a fumaça preta de Lost. Além disso, a fotografia estranha ( que não caiu bem com o estilo do filme) não ajuda.
Concluindo, este terceiro Nárnia é um filme com muitos baixos e quase nenhum alto, mas ainda assim é divertido em muitas partes. Vale uma conferida, mas provavelmente (e infelizmente), não uma continuação.
NOTA:5,5
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