sábado, 30 de outubro de 2010
As Melhores Coisas do Mundo
Mano é um adolescente comumente incomum. Comum por que tem as mesmas dúvidas e passa por muitos dos mesmos problemas de todos os outros jovens. Incomum por que de certa forma, é um pouco mais conservador do que a maioria, o que também não é tão incomum assim.
Se você assiste ou assistiu “Malhação” nos últimos três ou quatro anos, pegue o que assistiu e vire do avesso. Mano não é um protagonista perfeitinho. “As Melhores Coisas Do Mundo” não é um filme politicamente correto. Aqui, os jovens fumam, bebem, falam palavrão (nada muito exagerado), agem de forma preconceituosa e fazem merda. Inclusive Mano. E é isso que torna todos os personagens muito mais interessantes. Eles são verdadeiramente humanos. Ás vezes se arrependem do que fizeram de errado, ás vezes não.
A trama segue quase sempre por caminhos menos convencionais. São poucos clichês e situações batidas. Nada além do inevitável. E há momentos realmente emocionantes, como a cena dos ovos e a cena em que Mano chega em casa machucado depois de levar uma surra de outros garotos da escola e abraça o seu irmão em uma cena muito bem feita. Aliás, vale ressaltar a boa atuação de quase todo o elenco. Francisco Miguez cria um Mano muito interessante e carismático. Eu tinha um pé atrás com Fiuk, mas seu personagem é um dos mais interessantes do filme. Sua performance não é brilhante, mas é boa, principalmente se comparada a seu papel insosso na última temporada de “Malhação”. Além destes, outros atores fizeram um trabalho muito bom, como Gabriela Rocha e Denise Fraga.
Na parte técnica, o filme também se destaca. A direção de Laís Bodanzky é precisa, mostrando o mundo dos jovens de maneira muito realista, sem nenhuma maquiagem para o filme parecer mais bonitinho. A fotografia é boa e a montagem é ótima.
O cinema brasileiro mostra sinais de evolução. Este ano, já tivemos duas (que eu me lembre agora) obras de grande magnitude e irrefutável qualidade. Este “As Melhores Coisas do Mundo”, e "Tropa de Elite 2” de José Padilha (o qual eu ainda não assisti, mais venho lendo algumas das críticas mais positivas do ano). Tomara que mais filmes de qualidade sejam produzidos no Brasil. Eu adoraria que o preconceito (muitas vezes fundamentado) com o cinema nacional acabasse. Este filme de Laís Bodanzky é um salto quântico em relação as outras produções com tema jovem. Tomara que isso inspire outros a tentar coisas mais ousadas e que o público não aceite mais qualquer coisa que lhe seja empurrada goela abaixo. Até o momento, considero este, o melhor filme nacional que já vi. Agora quero assistir “Tropa de Elite 2” para ver se ele toma este lugar. Tomara.
NOTA: 9,0
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Acho que o filme mostra um roteiro real: são jovens expostos com todo o tom verdadeiro, nada é maquiado, tudo é intenso...é gente como a gente ali, com problemas e anseios verdadeiros, tangíveis!
ResponderExcluiradorei esse filme!
abraço e parabéns pelo blog, te sigo!
linkarei ao meu blog também!
Valeu! Também leio as postagens no seu blog sempre que posso, e tento me atualizar constantemente, Obrigado pelo apoio, espero que sempre leia e comente as postagens, que no momento estão um pouco paradas devido à problemas técnicos...
ResponderExcluirO filme é bom, mas acho que já está na hora do cinema nacional mudar o disco e deixar um pouco esse gênero jovem pra lá. Nossos realizadores adoram tratar das mesmas questões sempre. Fica chato quando ninguém inova!
ResponderExcluirCultura na web:
http://culturaexmachina.blogspot.com