quinta-feira, 17 de junho de 2010

Matéria: Games Como Forma de Arte




As pessoas têm preconceito quanto aos games. Criticam com todas as forças, sem conhecer realmente o objeto de suas críticas. Games são sim, uma forma de arte! Uma arte mais marginalizada do que as HQs que também sofrem muito preconceito. A que se deve essa marginalização? Muitos dos adultos de hoje conheceram os games em seus primórdios, quando a sua tecnologia não permitia a realização de uma obra de arte. Muitas dessas pessoas, com o tempo pararam de jogar, e não acompanharam os avanços feitos nesta mídia. Na fase 8-bits era difícil fazer algo com rigor artístico. Os sprites não passavam de quadradinhos na grande maioria dos jogos, e o áudio era muito limitado. Mesmo assim, alguns jogos já se mostravam diferenciados, mais bem trabalhados, mesmo com todas as limitações, como “Metroid” e “Final Fantasy”, que possuíam ótimo design de monstros e cenários, além de trilhas sonoras marcantes.
Na fase 16-bits as coisas começaram a mudar. Muitos jogos mudaram a sua abordagem, alguns passaram a focar-se na trama (Final Fantasy), outros na beleza visual, que passou a ser possível, a exemplo de “Donkey Kong Country”. As continuações de games feitos para o 8-bit amadureceram exponencialmente nesta era 16-bit. Não estávamos acostumados a termos grandes histórias nos games, e Final Fantasy IV mudou isso, nos apresentando uma trama simples, mas com personagens cativantes e momentos emocionantes. E a série viria a se superar ainda nesta geração, com “FFVI”. Mas a era 16-bit ainda não possibilitava coisas como músicas orquestradas ou técnicas de direção apuradas, o que começaria a mudar na fase 32/64-bits.
Nesta geração, um novo horizonte se abriu. O 3D e o uso predominante de polígonos ao invés de sprites tornou possível a movimentação de câmera, aproximando ainda mais os games do cinema. Mais do que isso, esta geração permitia a exibição de vídeos (pré-renderizados -CGs- ou em anime), e trilhas sonoras totalmente orquestradas (estas coisas, principalmente no Playstation). A Square-Enix (na época apenas Squaresoft) mostrou-se precursora das novas formas de se contar uma história. O lançamento de “Final Fantasy VII” abalou o mundo dos games. Um game tecnicamente impecável, com uma trama marcante e profunda, recheado de belas cenas em CG, que popularizou o gênero RPG no ocidente. Além deste a produtora ainda lançou outros grandes marcos dos games como “FF Tactics”, “FFVIII”, “FFIX”, “Chrono Cross”, “Xenogears” (Um dos games com melhor história até hoje, que trata de religião e filosofia), Parasite Eve” e “Vagrant Story” entre outros. O japonês Hideo Kojima tornou-se um ícone da indústria dos games com o lançamento de “Metal Gear Solid” para Playstation em 1998. Game de ação e espionagem que trazia uma trama extremamente complexa e pode ser considerado o game mais cinematográfico até então, devido a direção ousada do próprio Kojima. Enquanto isso no Nintendo 64, a Nintendo lançava “Mario 64” e “The Legend of Zelda: Ocarina of Time, dois games que sempre figuram entre as listas de melhores games da História, principalmente devido a criatividade de design.
Outras empresas menos tradicionais também tiveram oportunidade de mostrar seu trabalho, como a GameArts com “Grandia” para Sega Saturn e posteriormente para Playstation. O Terror também tornou-se possível de forma convincente nesta geração. A Capcom com “Resident Evil” e a Konami com “Silent Hill”, games tão bons quanto muitos filmes de terror. Lara Croft também surgiu nesta época com um ótimo game. Não posso deixar de mencionar o clássico da Crystal Dinamics, Soul Reaver, jogo de ação que possui ótima história sobre vampiros e criativatidade extrema no sistema de jogo. Os amantes da arte em sprites tinham bons representantes também, como o belíssimo “Valkirie Profile” da Enix, um RPG com base na mitologia nórdica.
Na geração 128-bits temos mais dois representantes da série Final Fantasy de qualidade ímpar: “FFX”, “FFXII”. A arte nos games alcançou outro padrão nesta fase. “Ico” e “Shadow of the Colossus” são provas vivas de que games são arte. Foram feitos para serem reconhecidos desta forma. Além disso, o advento do cel-shading trouxe novas possibilidades artísticas. Feito em Cel-Shading, “Okami” é poesia em movimento, talvez a maior obra de arte dos games (no quesito visual), da criativa- e falecida- produtora Clover Studio. “Valkirie Profile: Silmeria” continua firme e forte a série iniciada no Playstation, com uma direção de arte e um esmero desmedidos. Além desses, “Kimgdom Hearts” do genial Tetsuya Nomura, mescla clássicos Disney com Final Fantasy de forma magnífica.
Na atual geração de consoles, representada pelo Playstation 3 e Xbox 360, além é claro dos PCs (o Nintendo Wii é pouco superior ao seu antecessor, o Game Cube, então não considero um console “Next Generation”), praticamente não há limites para a criatividadde, e muita coisa boa já apareceu.
Finalizando, todos esses exemplos provam que os games são, de fato, arte. Antes de criticarem os games, as pessoas poderiam dar uma olhada nesses games que citei (e em muitos outros). Algumas pessoas criticam a violência nos games. Mas a violência é um fator onipresente na arte desde os seus primórdios. GTA por exemplo, é alvo de muitas críticas e proibições, mas eu considero a série a equivalente nos games aos filmes de Quentin Tarantino (Vou ser apedrejado por essa afirmação, mas vejamos as semelhanças: 1º Ambos tratam de violência e de pessoas que a escolheram como forma de vida, 2º Diálogos inteligentes, bem escritos e engraçados, 3º Personagens carismáticos e muito humor negro), mesmo que sem o mesmo apuro visual.

Abra a sua mente.

* Final Fantasy é mencionado diversas vezes por ser referência em história e esmero na produção.
* A imagem no topo desta matéria é uma tela do game "Okami".

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