Cosmópolis é um
filme esquisito. Incomum. Se você está pensando em vê-lo “pois tem o Robert
Pattinson”, esqueça. Talvez, mesmo se vocês está acostumado a filmes que te
fazem pensar e exigem mais do seu cérebro do que ele pode processar, Cosmópolis
seja um filme bastante complicado.
A história acontece
no decorrer de um único dia na vida de um gênio milhonário de 28 anos chamado
Eric Packer (Pattinson), que, pela manhã, decide que precisa de um corte de
cabelo. Ele é milhonário, a cidade de Nova York está recebendo a visita do
presidente dos EUA e as ruas estão lotadas de manifestantes. Packer pode
resolver seu problema com apenas um telefonema, mas está decidido a atravessar
a cidade até seu barbeiro, dentro de sua limosine. Através dos engarrafamentos,
paralisações e reuniões de negócios que ocorrem ali mesmo dentro de seu carro,
a viajem acaba por levar um dia inteiro, onde muitas pessoas vão se aproximar
de Packer, com diferentes intenções, e normalmente com discursos verborrágicos
e filosóficos sobre o capitalismo, a falta de tempo, os avanços tecnológicos e
sobre a transformação da vida em um ciclo robótico e infinito.
Será que a a
tecnologia avançou demais para o nosso próprio bem? Pessoas morrem sem nenhum
dinheiro, sem recursos, enquanto outras, como o próprio Eric, tem dinheiro suficiente
para fazer um check-up médico todos os dias. O tempo está acelerado demais. As
pessoas já não vivem. Procura-se prever as coisas baseando-se em padrões, mas
não são as anomalias que costumam afetar mais o todo? Afinal, a atenção se
volta para o que se destaca.
Todo esse parágrafo
anterior pode não fazer muito sentido. Mas essas idéias, perguntas,
afirmações... são coisas nas quais minha mente está trabalhando após o término
de Cosmópolis.
Não, o filme não é
perfeito. Seus 100 minutos demoram a passar, que indica certa falta de ritmo.
Mas David Cronenberg consegue extrair uma atuação ótima de Robert Pattinson,
consegue criar um clima claustrofóbico, perturbador, e passar toda a frieza do
sistema que não difere em nada do nosso. A única diferença é que ali o caos já
começou.
As pessoas com um pouco de conhecimento já
vêem toda essa merda mostrada no filme de Cronenberg e no livro de Don DeLillo
há algum tempo. O ódio e resignação das classes mais baixas. Os distúrbios
psicológicos, a necessidade de uma válvula de escape, que pode não ser
encontrada. A vida vai perdendo a graça enquanto o tempo para cada uma de
nossas ações deve ser medido na casa dos segundos.
As vezes, penso no
nosso modo de vida como uma bomba caseira. Todos os ingredientes para o
desastre estão prontos e no lugar. Só falta o cronômetro chegar a zero.
Cosmópolis
(Cosmopolis, 2012)
Direção: David Cronenberg.
Roteiro: David Cronenberg (baseado no romace de Don DeLillo).
Elenco:
Nota: 9,0
Nenhum comentário:
Postar um comentário