domingo, 8 de dezembro de 2013

Cine-Crítica: Elysium (2013)

Você assistiu a Distrito 9, de 2009? Não? Isso é bom por que a sua expectativa pra Elysium (2013) talvez esteja menor. Mas você realmente deveria assistir ao primeiro longa do diretor Neill Blomkamp.


  Por esse primeiro parágrafo, você já deve ter percebido que isso aqui vai estar cheio de comparações.

  Elysium é um filme que saiu cheio de hype. Diferente de Distrito 9, o filme conta com um elenco cheio de gente famosa, um budget bem mais generoso e com um diretor um pouco mais experiente. A premissa já chamava a atenção:
A Terra se tornou praticamente uma favela. Os ricos moram em uma espécie de estação espacial chamada Elysium, onde tem máquinas incríveis que podem curar qualquer doença, robôs fazem a maior parte do trabalho, o ar é limpo e as pessoas não envelhecem.

  Aí é entra o hype de Distrito 9, pois considerando o que havia sido feito nesse filme, era de se esperar que Neill Blomkamp usasse essa premissa para constituir uma crítica social apurada, já que antes havia utilizado tão bem a referência ao apartheid para falar de segregação e preconceito. E a crítica existe em Elysium, mas é tão superficial que acaba se perdendo no decorrer do filme.

  Não entendo exatamente o por que, mas todos os blockbusters que vi esse ano tiveram um efeito semelhante em mim (uns menos, outros mais). No início, suas premissas parecem que serão bem desenvolvidas, e depois descambam pra fórmula básica de último ato corrido e vazio. No caso de Elysium, um último ato cheio de ação rápida demais, com uma câmera tremida demais e uma edição histérica. Antes tivesse seguido o tom da sua primeira metade, provavelmente teria sido um filme melhor.

  Não que seja ruim. Apesar de mal desenvolvidas, as boas idéias estão ali, e algumas funcionam muito bem, como toda a ambientação, por exemplo. Algo muito importante pra isso é o visual. A direção de arte e a de fotografia são excelentes. Tudo é sujo enquanto na Terra, misturando o visual “favelesco” com um pouco de alta tecnologia e tons predominantes de cinza e marrom. Elysium é retratada com cores mais vivas, cenários limpos e bem iluminados. Os efeitos seguem o que era esperado. Como em Distrito 9, eles se mesclam muito bem com o cenário e em alguns momentos realmente impressionam pelo realismo.

  Na parte das atuações, estão todos muito bem, dentro do possível. Isso por que alguns personagens sofrem com diálogos pouco inspirados, clichês ou simplesmente são muito estereotipados, principalmente os personagens de Sharlto Copley (afetado e um pouco exagerado) e Jodie Foster, ambos atores muito acima de seus papéis.

  A trama em si é interessante. O personagem de Matt Damon, Max, é um ladrão de carros tentando levar a vida de forma honesta que sofre um acidente no trabalho e precisa chegar a Elysium pra tentar se curar em uma de suas poderosas máquinas. Pra isso ele precisa da ajuda de Spider (Wagner Moura, mandando bem), uma espécie de coiote espacial que leva clandestinamente pessoas da Terra pra Elysium, com uma taxa de sucesso aparentemente muito baixa. Pra ajudar Max, Spider pede um favor em troca, algo que acaba se mostrando muito mais grandioso e importante do que qualquer um poderia esperar. O destino de Max, a partir disso, volta a se entrelaçar com o de Frey (Alice Braga), uma amiga de infância que tem uma filha com leucemia (portanto, também precisando da tal máquina).

  O problema da história são as resoluções a que chega. Os personagens não tem muito carisma, seus relacionamentos são bem pouco desenvolvidos e momentos que deveriam geram tristeza, aflição ou tensão não funcionam. A tal trama maior em que Spider e Max se envolvem é um pouco estranha e pede que você aumente um pouco sua suspensão de descrença. Existem mais personagens que não citei, e que tem ainda menos desenvolvimento. Muitas das regras desse mundo não são muito claras, assim como os motivos de certos personagens agirem de determinada maneira.


  Bom, acho que isso é basicamente tudo que tenho pra falar sobre Elysium. Pelo menos é divertido, vale assistir, mas é um filme com muito potencial desperdiçado, bem inferior a Distrito 9 e que se beneficiaria muito de uma duração um pouco maior em prol de um melhor desenvolvimento.   


2 de 5 (Irregular)

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