Você assistiu a Distrito 9, de 2009? Não? Isso é bom por que
a sua expectativa pra Elysium (2013) talvez esteja menor. Mas você realmente
deveria assistir ao primeiro longa do diretor Neill Blomkamp.
Por esse primeiro
parágrafo, você já deve ter percebido que isso aqui vai estar cheio de
comparações.
Elysium é um filme
que saiu cheio de hype. Diferente de Distrito 9, o filme conta com um elenco
cheio de gente famosa, um budget bem mais generoso e com um diretor um pouco
mais experiente. A premissa já chamava a atenção:
A Terra se tornou
praticamente uma favela. Os ricos moram em uma espécie de estação espacial
chamada Elysium, onde tem máquinas incríveis que podem curar qualquer doença,
robôs fazem a maior parte do trabalho, o ar é limpo e as pessoas não
envelhecem.
Aí é entra o hype de
Distrito 9, pois considerando o que havia sido feito nesse filme, era de se
esperar que Neill Blomkamp usasse essa premissa para constituir uma crítica
social apurada, já que antes havia utilizado tão bem a referência ao apartheid
para falar de segregação e preconceito. E a crítica existe em Elysium, mas é
tão superficial que acaba se perdendo no decorrer do filme.
Não entendo
exatamente o por que, mas todos os blockbusters que vi esse ano tiveram um
efeito semelhante em mim (uns menos, outros mais). No início, suas premissas
parecem que serão bem desenvolvidas, e depois descambam pra fórmula básica de
último ato corrido e vazio. No caso de Elysium, um último ato cheio de ação
rápida demais, com uma câmera tremida demais e uma edição histérica. Antes
tivesse seguido o tom da sua primeira metade, provavelmente teria sido um filme
melhor.
Não que seja ruim.
Apesar de mal desenvolvidas, as boas idéias estão ali, e algumas funcionam
muito bem, como toda a ambientação, por exemplo. Algo muito importante pra isso
é o visual. A direção de arte e a de fotografia são excelentes. Tudo é sujo
enquanto na Terra, misturando o visual “favelesco” com um pouco de alta
tecnologia e tons predominantes de cinza e marrom. Elysium é retratada com
cores mais vivas, cenários limpos e bem iluminados. Os efeitos seguem o que era
esperado. Como em Distrito 9, eles se mesclam muito bem com o cenário e em
alguns momentos realmente impressionam pelo realismo.
Na parte das atuações,
estão todos muito bem, dentro do possível. Isso por que alguns personagens
sofrem com diálogos pouco inspirados, clichês ou simplesmente são muito
estereotipados, principalmente os personagens de Sharlto Copley (afetado e um
pouco exagerado) e Jodie Foster, ambos atores muito acima de seus papéis.
A trama em si é
interessante. O personagem de Matt Damon, Max, é um ladrão de carros tentando
levar a vida de forma honesta que sofre um acidente no trabalho e precisa
chegar a Elysium pra tentar se curar em uma de suas poderosas máquinas. Pra
isso ele precisa da ajuda de Spider (Wagner Moura, mandando bem), uma espécie
de coiote espacial que leva clandestinamente pessoas da Terra pra Elysium, com
uma taxa de sucesso aparentemente muito baixa. Pra ajudar Max, Spider pede um
favor em troca, algo que acaba se mostrando muito mais grandioso e importante
do que qualquer um poderia esperar. O destino de Max, a partir disso, volta a
se entrelaçar com o de Frey (Alice Braga), uma amiga de infância que tem uma
filha com leucemia (portanto, também precisando da tal máquina).
O problema da
história são as resoluções a que chega. Os personagens não tem muito carisma,
seus relacionamentos são bem pouco desenvolvidos e momentos que deveriam geram
tristeza, aflição ou tensão não funcionam. A tal trama maior em que Spider e
Max se envolvem é um pouco estranha e pede que você aumente um pouco sua
suspensão de descrença. Existem mais personagens que não citei, e que tem ainda
menos desenvolvimento. Muitas das regras desse mundo não são muito claras,
assim como os motivos de certos personagens agirem de determinada maneira.
Bom, acho que isso é
basicamente tudo que tenho pra falar sobre Elysium. Pelo menos é divertido,
vale assistir, mas é um filme com muito potencial desperdiçado, bem inferior a
Distrito 9 e que se beneficiaria muito de uma duração um pouco maior em prol de
um melhor desenvolvimento.
2 de 5 (Irregular)
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