domingo, 1 de maio de 2011

Cine-Crítica: O Lutador



Depois de Cisne Negro resolvi revisitar outro clássico de Darren Aronofsky, O Lutador (The Wrestler – 2008). Este foi o primeiro filme do diretor a aparecer para o grande público, mas isso não quer dizer que seja um filme pipoca, ou filme família, pelo contrário, é um filme um tanto pesado, e que com certeza dá muito o que pensar.

O Lutador fala sobre Randy, o Carneiro (Mickey Rourke), um lutador profissional de luta livre de aparência bruta, mas que esconde por debaixo dos músculos uma sensibilidade rara. Ele gosta das lutas, gosta de dar um espetáculo ao público, não se importando com a dor dos ferimentos de lutas extremamente violentas. Dentro do ringue Randy é o herói da multidão, mas fora, ele é solitário e inseguro, não sabendo lidar direito com as pessoas nem com os próprios sentimentos.

É um personagem muito bem feito, tanto por parte do roteiro quanto por Rourke, que a muito não entregava uma interpretação tão boa. Em certa passagem, próxima ao final do filme, antes de entrar no ringue a personagem de Marissa Tomei pede para Randy, já meio debilitado, não entrar no ringue, então Randy responde: “O único lugar onde me machuco é lá fora”. Está passagem é a que nos mostra melhor como é a personalidade de Randy. Mostra que ele tem mais medo de se ferir emocionalmente do que fisicamente.

Muitas pessoas vão a locadora e acham que O Lutador é um filme sobre lutas e sem cérebro. Durante o filme estão espalhadas muitas cenas de luta (a maioria de extrema violência), mas o que acaba se destacando é o drama. É fácil gostarmos dos personagens e é fácil nos identificarmos com algumas questões propostas. E se você não pudesse mais fazer a única coisa que você sabe? Nem todas essas questões são exatamente novas, mas as situações criadas são verossímeis e muito contundentes.

Aronofsky conduz o filme da mesma forma que Cisne Negro e Réquiem para um Sonho, durante os três primeiros quartos, ele monta o palco para um último ato tenso e emocionante, o que é ótimo. Gostei mais do filme nesta segunda vez, assim como aconteceu quando assisti Sangue Negro e A Rde Social novamente há alguns dias. Acho que quando um filme vai ficando melhor a cada vez que se assiste, é um bom sinal. É um sinal de que a obra vai perdurar, e não vai ser esquecida facilmente.

NOTA: 9,0


OBS. Foi hoje mesmo que assisti Réquiem para um Sonho, outra obra do diretor que merece ser assistida por quem tiver oportunidade.

2 comentários:

  1. Eu dou um 8.0. O filme cai em alguns clichês, mas é um estudo de personagem maravilhoso, com uma atuação arrebatadora do Mickey Rourke. Ótimo texto!

    http://cinelupinha.blogspot.com/

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  2. A mordacidade do filme teve um impacto positivo. O cinema de Aronofsky caminha rumo à eternidade.

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